O termo adesão significa: ato de tornar-se ou mostrar-se adepto (Aurélio, 1989) . Por adepto entende-se o mesmo que partidário, sectário, conhecedor ou iniciado nos dogmas de uma seita. Logo, a partir dessas definições, supõe-se que para tornar-se adepto de uma idéia, a pessoa dever ser partidária da proposta em questão e para isso, é preciso conhecer, entender e, por fim, acreditar para concordar com a proposta e poder segui-la. Podemos concluir que uma pessoa só é adepto de uma idéia quando esta faz sentido para ele.
Seguindo esta lógica de entendimento do termo adesão, para que um tratamento seja seguido é necessário, portanto, que este faça sentido para o paciente, e para isso é necessário que entenda a proposta de tratamento e acredite e esteja certo de sua necessidade. No entanto, o que se observa na assistência aos pacientes, é o desconhecimento da importância do tratamento, e mais, o paciente desconhece o mecanismo de funcionamento da medicação, desde seus efeitos positivos, aqueles relativos à recuperação da saúde física, como também desconhece seus efeitos negativos, aí entendidos como os efeitos colaterais causados pela medicação.
Ainda que não exista uma regra quanto à presença dos efeitos indesejáveis da medicação, assim quanto à sua tolerância, não se justifica a ausência de informação ao paciente quanto às possibilidades da presença de tais efeitos. A experiência junto aos pacientes, nos permitiu perceber que a falta deste conhecimento pode se tornar um potencial risco para a adesão ao tratamento. O paciente, freqüentemente, interpreta tais efeitos adversos como uma piora do quadro clínico e vê a medicação como algo que piora o seu estado de saúde.
No meio médico, adesão é o grau com que o paciente segue o plano de tratamento. Considerando o tratamento médico em geral, estudos sobre o comportamento dos pacientes demonstraram que apenas cerca de cinqüenta por cento destes seguem as orientações médicas. Dentre as muitas razões alegadas pelos pacientes para não seguir um plano terapêutico, a mais comum é o esquecimento. (MANUAL MERK, 2004).
Em Vitória (2000), entende-se que o termo “adesão” ao tratamento leva em consideração um contexto que vai além da obediência às orientações médicas que leve ao uso regular de medicamento. Nesta concepção, o paciente assume o lugar de sujeito de seu tratamento, e deve, portanto, entender e concordar com as prescrições estabelecidas pelo seu médico.
A maioria dos estudos sobre doenças crônicas, tem considerado como nível aceitável de aderência, taxas iguais ou maiores de 80% do total de medicamentos prescritos, contudo, outras definições tem sido adotadas conforme o tipo de estudo e de doença. Nos casos de HIV/Aids, atualmente, a literatura científica indica que estudos internacionais trabalham com o índice de 90%, pois, observou-se que adesão a 80% coloca em risco o tratamento com os anti-retrovirais potentes (JORDAN, 2000).
Gourlat, Marli; Macário Costa, Lizete. OS ANTI-RETROVIRAIS E O PACIENTE HIV/AIDS: UM ESTUDO SOBRE O TEMA DA ADESÃO E SUAS IMPLICAÇÕES. Artigo de Conclusão de curso de Especialização/Psimed/HUPE/UERJ.